Um momento de grande dor pode ser também sinônimo de esperança para muitas pessoas que aguardam na fila de doação de órgãos. Todo esse complexo, delicado e tão importante gesto, além da conscientização da família do doador, necessita de um ágil respaldo médico e aporte tecnológico para garantir que se salve uma vida. No mês que lembramos a importância da doação de órgãos por meio da campanha Setembro Verde, o Hospital São Francisco (HSF), de Cotia, dá um importante passo com a primeira captação de órgãos e dá esperança a uma paciente que aguardava em fila de espera.
Esse grande gesto aconteceu no dia 29 de agosto, quando um coração foi levado ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Além de contar com a eficiência da equipe médica do Hospital São Francisco, a unidade contou também com o apoio da Polícia Militar do 33º Batalhão de Policiamento Metropolitano, que dispôs de um helicóptero para realizar o transporte.
De acordo com o médico nefrologista Elias Flato, a captação de órgãos acontece quando há o diagnóstico de morte encefálica, que é considerada uma situação irreversível. Para tanto, são seguidos protocolos rigorosos do Ministério da Saúde, além de testes clínicos, laboratoriais e de imagem.
“Isso ocorre quando um dano cerebral grave e persistente se estabelece causado por acidente vascular cerebral catastrófico, traumatismos crânio encefálicos graves, rupturas de vasos sanguíneos intracranianos e intoxicações exógenas, por exemplo. Após a confirmação, pela legislação nacional, o paciente é considerado falecido e apesar do funcionamento dos demais órgãos, o atestado de óbito é preenchido”, explica Flato, que também é responsável técnico do setor de Hemodiálise do São Francisco.
HSF entra em contato com a OPO
O Hospital São Francisco entrou em contato com a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO), que tem o papel de checar a viabilidade da doação. Essa equipe é especializada e treinada em abordar as famílias de doares em potencial.
O médico explica que, apesar de ser um momento de fragilidade absoluta, as chances de a família autorizar a doação de órgãos aumentam quando o comunicado do falecimento é feito em conjunto com o médico responsável pela UTI, mesmo com o funcionamento momentâneo dos demais órgãos.
A partir da autorização, a luta contra o relógio se inicia e a equipe multiprofissional do Hospital São Francisco muda o foco com o objetivo agora de acolher a família do paciente ao mesmo tempo em que garante a viabilidade do potencial transplante.
Equipe médica qualificada e infraestrutura são essenciais
A infraestrutura e a tecnologia disponíveis no HSF foram essenciais para garantia do suporte avançado de vida. Foram utilizados monitores cardíacos, exames de imagem de alta resolução e o tratamento de hemodiálise contínua em conjunto com a atuação de uma equipe altamente capacitada.
A equipe responsável pelos resultados positivos na operação é formada por médicos intensivista, neurocirurgião, neurologista, nefrologista, cardiologista, cirurgiões e enfermeiros especializados em pacientes graves e instáveis, além de psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas.
“Casos emblemáticos que evoluem com morte encefálica não poderiam ter relevância menor em nosso hospital, uma vez que outros pacientes em filas de transplante se beneficiariam da maior ação altruísta que alguém poderia fazer pelo próximo: a doação de órgãos”, detalha Elias Flato.